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Escrevivendo longe dos neologismos.

sexta-feira, fevereiro 25, 2011

Precisa mesmo de título?

Parei com a fixação insone de roubar o disco e fui terminar de limpar as fileirinhas de vinis que me aguardavam no fundo da loja. Nunca me senti tão feliz com ácaros. Poder ver todas aquelas bandas e fotografias e puta que pariu tem Figure 8 do Elliott Smith, cadê o alto-falante dessa bodega?, SENHOR DONO DA LOJA, FAVOR CASAR COMIGO.
Quando eram umas dez e meia eu já tinha limpado, polido e dado belas baforadas em cada cd existente. Meu sedentarismo me garantiu um pouco de cansaço, mas nada que me impedisse de voltar pra casa andando.
Dei um tchau meio abafado pro Jonas, o rapaz que trabalhava comigo. Meio viado, mas muito gente boa. Ou talvez meio gente boa, mas muito viado. Nunca me dei bem com frações.
Passei o resto da noite lendo uns relatos de famílias de psicopatas na internet. Isso é quase tão divertido quanto aqueles realities shows sensacionalistas que se passam em hospícios. Sei bem que a mídia hoje em dia é sanguessuga cerebral e quer te mostrar que a vida dos outros ou é bem melhor ou absurdamente pior que a sua e que você é um grande babaca por reclamar. Não que eu discorde, mas é desnecessário esfregar isso na nossa cara. Só que esse tipo de programa realmente me interessa. Aliás, esse é o maior medo que eu tenho. Sabe, ficar louca. Completamente pirada. Daquelas que não consegue fazer nada sozinha, que fica riscando a parede com a unha e babando e vegetando e dando trabalho pra todo mundo. Odeio depender das pessoas, mesmo que seja pra ter minha grana. Agora imagina precisar de alguém pra tomar banho. Não dá, não dá. Eu amo privacidade, amo liberdade e amo acima de tudo não ter ninguém rindo da minha bunda, valeu.
Desliguei o note e fui dormir porque no dia seguinte tinha trabalho e eu não podia chegar atrasada. Isso significa que obviamente eu cheguei.
E fui descontada no meu salário que já era só metade porque tava no meio do mês e o Senhor Meu Patrão não é tão otário assim.
Sai da minha vida, Lady Murphy.
O Senhor Meu Patrão – que na identidade constava como Aroldo, puta nome de taxista – disse que tinha uns negócios pra resolver e que podíamos fechar mais cedo caso o movimento estivesse fraco. Jonas só trabalhou meio período e saiu dizendo que não tinha muito mais o que fazer, mas aposto que foi encontrar um cara por aí. Até ele consegue alguém pra comer, to começando a ficar deprimida. Aliás, o mundo ta sendo dominado pelos gays hoje em dia, e aposto que é culpa do Mertiolate, que parou de arder. Não que eu ache isso ruim, eu prefiro conviver com homossexuais a trogloditas que batem no peito plastificado e se dizem ‘espada’.
Aliás, que termo idiota pra significar masculinidade. Querido, espadas podem rasgar qualquer um, seja homem ou mulher. Pense nisso.
Fiquei por ali mais uma ou duas horas e me mandei também porque é isso que eu faço de melhor. Desaparecer.

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