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Escrevivendo longe dos neologismos.

sexta-feira, março 18, 2011

Aposto a ficha, a roupa, a lógica e a própria aposta. Não há muito mais a perder quando nem a mim sou capaz de achar.

Ok, obviamente você me entende. Está lendo isso aqui há mais de quinze páginas. As pessoas não costumam me suportar por mais de quinze. Segundos.
Parei de beber com um pouco de esforço, empurrei o copo e me levantei, dando um sorriso grato. Era o melhor a fazer já que meu humor não estava dos melhores e eu provavelmente seria presa se o mandasse deslocar sua pélvis da minha direção.
Mas não era um bom dia para mim, claro que não. Ele segurou meu braço e pediu que, pelo menos, terminasse aquele copo.
- A intenção é me embebedar? – óbvio que eu não ficaria chapada com uma dose, mas ele não precisava saber.
- Até parece que você ficaria bêbada com tão pouco. – ele sabia.
Cara estranho. Detetive. Eu só arranjo merda.
Terminei em silêncio, dei um tchau sonolento e fui andando. E sabia que ele vinha atrás.
- Puta que pariu, com sua humilde licença Senhor Detetive, eu agradeço o uísque, mas não precisa de um mandato pra seguir as pessoas?
- Eu sou o Bennett, não preciso de mandato pra porra nenhuma.
- Ah claro, tá fazendo cosplay de Deus?
- Quase isso. Ganhei dele num jogo de pôquer e esse era o poder que ele apostou.
- Ser inconveniente?
- Não, detectar boas mulheres.
Não vou dizer que corei porque isso é adolescente demais, mas caralho, ele conseguiu transformar minha descortesia numa quase cantada. Será que é isso que ensinam em análise criminal?
- E o que você teria que dar a ele caso perdesse?
- Não combinamos.
- Que tipo de jogo imbecil era esse?
- Aquele que eu nunca perco.
Pretensioso. Eu o teria achado menos interessante se não fosse aquele sorriso sexy e as mãos macias destoando de todo o resto abrutalhado. Alem do ótimo gosto para roupas. Pernas bonitas, ombros, braços, olhos.
Em menos de dez minutos de observação e papo furado eu já sabia no que isso ia dar. É, ia dar. Mas não naquela noite.
- Olha, eu preciso ir. – falei, mesmo sabendo que não tinha absolutamente nada pra fazer.
- Eu também, uns casos pra analisar.
Uma expressão preocupada tomou conta daquele rosto bem modelado e whatta man, pode ficando e tirando essa roupa.
- Problemas?
Em segundos ela se desfez e ele sorriu largamente, com as sobrancelhas arqueadas.
- Diversão.
- Tô precisando de um pouco também...
Mais quinze minutos e eu tava no carro de Bennett, indo pra casa dele tentar descobrir algumas coisas. Quem sabe aquelas pernas.

Um comentário:

  1. "- A intenção é me embebedar? – óbvio que eu não ficaria chapada com uma dose, mas ele não precisava saber.
    - Até parece que você ficaria bêbada com tão pouco. – ele sabia."

    HAHAHAH, muito foda ;D

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